segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dia dos Namorados [Continuação]

Meu celular tocou: era ela. Coração na boca, cara de boba.
-- Oi, lembra de mim?
-- Eu não lembro de mais nada que não seja você.
-- Que bom, pois desde que te vi que não consigo tirar você da cabeça. Eu quero te ver de novo.

Nossos amigos em comum vinham me contar que ela estava super empolgada, que nunca a tinham visto tão feliz, que sorria a toa, passava o dia cantando. Eu estava ansiosa: Seria um sonho? Ou pior: mais um amor de apenas uma noite?
Estávamos em época de copa do mundo. Taí, juntaram duas coisas que eu detesto de uma vez só: futebol e falso patriotismo. Todo mundo vira brasileiro em ano de copa, incrível. Perdi dezenas de colegas no trabalho discutindo essa pauta. E inúmeros outros por me recusar a assistir o jogo com eles em barzinhos. Imagina a gritaria? Aquele amontoado de gente de verde e amarelo urrando como animais, cheios de trompetes, chapéus, apitos, fogos. Não, muito obrigada. Recusei, discuti, briguei, não fui.
Terça feira, dia 15 de junho: primeiro jogo no Brasil na copa. Liberaram todo mundo no trabalho as 14:00 h - primeira vantagem que eu vi nessa palhaçada diga-se de passagem - Peguei minha mochila e saí de lá correndo. Meu celular toca: era ela:
-- Vem assistir o jogo comigo? Sei que você destesta, mas eu adoro e queria muito te ver. Vem? Prometo que saindo de lá você pode escolher pra onde vamos.
Eu fui né, essa curiosidade, esse encantamento, essa mulher estava me deixando louca.
Eu não conseguia parar de olha-la, não vi um segundo do jogo, só seu rosto, seu sorriso, sua expressão se alterando. Gritaria? Que gritaria? Íncrivel, eu acho que saía do meu corpo quando estava com ela.
Dormimos juntas, acordei com ela me abraçando mais forte e me dando um beijo na nuca:
-- Bom dia minha linda.
-- Bom dia. Dormiu bem?
-- Não consegui dormir, eu não conseguia parar de te olhar dormindo, fiquei te assistindo dormir, te fazendo carinho.

Como não se envolver, me diz? Começamos a sair. Eu ligava para ela todo dia na hora do almoço e trocávamos emails o resto do dia. Eu contava as horas para sair do trabalho e ir encontrá-la, era o momento mais feliz do dia. Foi fácil criar uma rotina, criar hábitos.
Conversávamos sobre tudo: futuro, sonhos, planos, passado, família, livros, filmes, profissões, amigos, piadas. Nunca acabava o assunto, sempre numa sintonia surreal. Como podia ser possível? Nossas casas eram bem próximas, tínhamos dezenas de amigos em comum: como não havíamos nos conhecido antes?
-- Nos conhecemos na hora que tínhamos que nos conhecer. Você apareceu no momento exato e transformou meu mundo, me trouxe cores de novo. As mais belas. -- Ela me dizia toda vez que eu começava a questionar como era possível o universo conspirando assim a meu favor.

0 comentários: